O projeto Justiça na Escola, desenvovido pela Escola da Magistratura do Estado de Rondônia (Emeron) no curso de Especialização em Direito para a Carreira da Magistratura (EDCM), mobilizou 300 estudantes de ensino médio da rede pública entre os dias 21 e 28 de agosto. As atividades foram coordenadas por magistrados/professores da Escola.
Nos dias 21 e 22, a escola contemplada foi a São Luiz, na zona leste de Porto Velho. Acompanhados pelos magistrados Edenir Albuquerque e Úrsula Gonçalves Theodoro, idealizadores do projeto e professores respectivamente das disciplinas de Direito Civil I e II da especialização, os 34 alunos da turma atual da EDCM foram divididos em quatro grupos, com diferentes temas: violência, privacidade, afetividade e mediação de conflitos. O projeto auxilia os pós-graduandos a fixar a ética e solidariedade social como valores que orientam o Direito e o Direito Civil, por meio do compartilhamento de conhecimentos teóricos, técnicos e pragmáticos e sua integração à comunidade.
No primeiro dia, apresentaram-se os dois grupos iniciais. Após as encenações sobre a temática, o grupo de afetividade trabalhou com os alunos a interação e recebimento do afeto por meio de uma árvore de sentimentos, em que deveriam expressar suas emoções aos colegas. Já no grupo sobre violência, os assuntos abordados foram o bullying, assédio sexual e relacionamento abusivo. “Passa pela realidade deles, o que eles entendem por violência, uma questão muito marcante foi que os adolescentes não pedem ajuda, que acabou permeando toda a discussão e a gente sabe que depressão e suicídio hoje é uma das questões maiores”, disse Úrsula. Segundo ela, o adolescente que não se reporta a essa dificuldade é “cada vez mais vulnerabilizado nessa situação, porque não mostra que está mal”.
Nivardo Mourão, advogado e membro do grupo sobre mediação, comenta sobre a preparação para as apresentações: “Foi bem trabalhosa, a gente tinha muitas ideias divergentes e já teve que colocar em prática o que a gente ia passar sobre métodos alternativos de solução de conflito, mas no final deu tudo certo, conseguimos chegar a uma conclusão e entrar num consenso”. O grupo encenou uma discussão de trânsito após um atropelamento, com direito a faixa de segurança e motocicleta dentro do auditório. Ao final, os alunos do 1º ano foram convidados a repetir eles próprios a encenação, mudando o final, e a refletir sobre escuta ativa e se pôr no lugar do outro.
Para Francisca França, também advogada e integrante do grupo de privacidade, o projeto é interessante “porque a gente leva a justiça e a figura do juiz até a escola, o que não é muito comum, o juiz sempre ficava dentro de uma sala que tinha segurança, é muito gratificante estar mais próximo da sociedade e desses jovens”. O grupo apresentou situações de invasão à privacidade, inclusive nas redes sociais, e também contou com os estudantes para as encenarem novamente. “Realmente eu gostei, eles são bem participativos, a gente estava com receio de não quererem participar, mas saiu em conformidade com o cronograma”, comemorou Francisca.
Nos dias 27 e 28, os alunos da EDCM repetiram as apresentações na escola Eduardo Lima e Silva, na zona sul da capital. Ao final de cada grupo, os professores coordenadores dão o seu feedback sobre as apresentações. “Foi bem importante, porque conseguimos trazer para eles toda aquela situação que a gente passou no conflito, durante a construção do trabalho, e o principal foi o nosso crescimento pessoal, aprendemos com o nosso próprio ensinamento a aplicar esse conceito no dia a dia, tanto com colegas de trabalho, de pós-graduação, na nossa família, enfim, num contexto geral”, afirmaou Nivardo.
Úrsula considera que o objetivo do projeto foi alcançado: “É surpreendente que cada turma tem uma visão de como se organizar, como acontece a interação com os alunos quando eles vêm aqui e se expõem para os adolescentes na questão de aprendizado”. Para ela, o principal é interagir e aprender a temática de forma mais aprofundada. “É sempre um formato diferente a cada ano, porque cada grupo estabelece de uma forma, mas sempre com esse objetivo de interação, é um grande diferencial desse projeto que a gente acaba aprendendo muito”, conclui. Francisca espera que tenha continuidade: “Que se estenda cada vez mais, ano que vem que abarque mais escolas carentes desse tipo de trabalho, e agradeço à Emeron, aos professores e que não pare esse projeto, que venha a dar muitos frutos para alcançar esses meninos”.
Assessoria de Comunicação Institucional
com informações da Emeron